sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Adeus

Eugénio de Andrade

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou
não chega para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias:
os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada. E no entanto,
antes das palavras gastas,
tenho a certeza de que todas as coisas estremeciam só de murmurar
o teu nome no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

é urgente recomeçar..
os cheiros.. e os sons..
sou maniaca com os barulhos repetidos e seguidos
e os cheiros... há cheiros que não me saem da cabeça. cheiros associados a coisas e pessoas. é curioso como alguns cheiros nos fazem viagem no tempo.*

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Dá-me um abraço fica por perto
Neste aperto tão pouco espaço
Não quero mais nada, só o silêncio
Do teu abraço
peço as palavras ao miguel gameiro...