terça-feira, 24 de setembro de 2013

hoje apetecia-me ser o Oscar (do Oscar e a Senhora Rosa) e escrever-te a Ti, Querido Deus, tenho tanta coisa para te dizer..

Querido Deus,
serena-me a alma,
faz-me reconhecer a tua mão maternal e protege-me*

How to hand-sew a blanket stitch for 3 different seams


tenho em mim este bichinho da costura!
sempre brinquei com agulhas de costura e a minha mãe conta que cedo percebi q se desse um nozinho na linha conseguiria coser um tracejado na toalha vermelha.. cedo percebi que a agulha picava numa das suas extremidades, aprendi a não me picar e anos volvidos continuo a não querer usar o dedal.*

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas ...
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

 António Ramos Rosa

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

porque é da Florbela Espanca
porque eu gosto do que ela escreve
porque me revejo totalmente:


A Oferta do Destino


Um dia, o destino, trôpego velho de cabelos cor da neve, deu-me uns sapatos e disse-me:

- Aqui tens estes sapatos de ferro, calça-os e caminha... Caminha sempre, sem descanso nem fadiga, vai sempre avante e não te detenhas, não pares nunca!... A estrada da vida tem trechos de céu e paisagens infernais; não te assuste a escuridão, nem te deslumbres com a claridade; nem um minuto sequer te detenhas à beira da estrada; deixa florir os malmequeres, deixa cantar os rouxinóis. Quer seja lisa, quer seja alcantilada a imensa estrada, caminha, caminha sempre! Não pares nunca! Um dia, os sapatos hão-de romper-se; deter-te-ás então. É que terás encontrado, enfim, os olhos perturbadores e profundos, a boca embriagante e fatal que há-de prender-te para todo o sempre!

Isto disse-me um dia o destino, trôpego velho de cabelos cor da neve.

Calcei os sapatos e caminhei, O luar era profundo; às vezes, cantavam nas matas os rouxinóis... Outras vezes, ao sol ardente do meio-dia desabrochavam as rosas, vermelhas como beijos de sangue; as borboletas traziam nas asas, finas como farrapos de seda, os perfumes delirantes de milhares de corolas! Outras vezes ainda, nem uma estrela no céu, nem um perfume na terra, e eu ouvia a meus pés a voz de algum imenso abismo. Passei pelo reino do sonho, pelo país da esperança e do amor que, ao longe, banhado pelo sol, dá a impressão duma imensa esmeralda, e vi também as terras tristes da saudade, onde o luar chora noite e dia! Não me detive nem um só instante! O coração ficou-me a pedaços dispersos pelos caminhos que percorri, mas eu caminhei sempre, sem fraquejar um só momento!... Há muito tempo que ando, tenho quase cem anos já, os meus cabelos tomam-se da cor do linho, e o meu frágil corpo inclina-se suavemente para a terra, como uma fraca haste sacudida pela nortada. Começo a sentir-me cansada, os meus passos vão sendo vagarosos na estrada imensa da vida!

E os sapatos inda se não romperam!

Onde estareis vós, ó olhos perturbadores e profundos, ó boca embriagante e fatal que há-de prender-me para todo o sempre?!...

há sítios especiais.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

chega a doer..
não estou habituada
não lhe conheço o nome
sei que inquieta
incomoda
incapacita
fere